quinta-feira, julho 06, 2006

Quimera

Os dias passam como quedas de água.
Imparáveis caem em mim e eu...
que espero não esperar nada...
dou por mim a nadar num mar sem fim
de uma cascata assim.

A água bate-me como as horas do dia ecoam na minha alma,
corre-me pelo rosto, disfarça-me as lágrimas,
arranha-me como areia
e tu sereia que espero...
enterro-te em mim,
espero por ti...
e desespero!

Badaladas no campanário
a lembrar que morri mais um pouco,
percorro este caminho como um louco
e no fim, saberei que vivi, como vivi,
saberei que cortei estas horas do dia
como um vento gelado.
Parti-as em duas, em quatro...
ao fim do dia estava de rastos
e na aurora seguinte estava de novo,
como um polvo:
com oito mãos para tudo tocar, para te abraçar...
e mesmo assim foste embora....

Esta dor de sentir por nunca ter sentido,
querer ter-te nos braços e todos os abraços
terem sido fugazes.... urgentes.... trementes de emoção...

Os beijos escondidos, repetidos...
proibidos por não me quereres amar,
ainda me povoam os lábios....

Sei que sou louco por querer o que não posso
Sei que até, talvez, sejas um sonho...
Uma quimera, uma utopia...
Mas nem por isso deixo de te querer,
De ansiar mais do que a vida,
Passar contigo um dia, debaixo de chuva,
a ver o sol morrer no horizonte!

4 comentários:

Ana disse...

Ih pá. Tremendo. Mas é como eu digo, temos de aprender a almejar o que pode ser almejado e a recusar o que quer ser recusado.

Alenbio disse...

E temos de aprender que o que não temos não nos faz falta; perceber que é a nossa insegurança e o nosso medo da solidão que nos fazem pensar que estamos dependentes de alguém ou de alguma coisa. Devemos, acima de tudo, contar connosco. Parece tão fácil, não é?...

MoonDreamer disse...

é precisamente o que não tenho que me faz mais falta... e conto comigo para o conseguir!

Ana disse...

Sim, não concordo que tenhamos de parar de desejar o que não temos! Porque assim deixamos de sonhar! E são os sonhos que nos impulsionam pela vida fora!

Há sim é que saber apreciar o que já conseguimos.