sexta-feira, novembro 30, 2007

Foi quase como um ontem

Foi quase como um ontem
que se passa a desejar o amanhã.
É quase a sorrir
que me digo adeus.
Fui como a estrada da serra que vejo todos os dias na janela.
Curvei mais que o destino me prometera
e sem travões desci,
desmandado pela vida fora.
Toquei as estrelas, mas foi tão breve o meu brilho...
Sinto que saio da vida sem palmas,
como uma peça de teatro rasca,
aliás...
Toda a vida fui um stand-up ridículo,
e os poucos aplausos que tive,
do pouco público que me veio ver nesta minha passagem,
foram de pena,
ternura,
de compaixão para com a minha miserável personagem.
Não segui o guião que deus me fez
e saltitei de poça em poça
de pedra em pedra,
de pessoa em pessoa,
e nunca me fixei... por isso me custa tão pouco ir.
E levo este sorriso
para fingir,
para que pensem,
que por aqui eu fui feliz.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien

teclas de piano

a preto e branco
como uma fotografia,
como um passado,
as teclas do piano encantam.
Os dedos com que as beijo,
soltam versos de amor.
Chamam quem passa a correr, e....
pára para escutar.
Mas breve como a sorte,
a nota já passou e levou em si
o cheiro
a surpresa
a certeza
que alguém parou quando os meus dedos
nas teclas se deitaram
e do preto e branco soltaram um arco íris de cor.

terça-feira, novembro 27, 2007

Suicídio

Sou totalmente contra os tabus e acho sinceramente que já é tempo de perdermos o medo de falar das coisas.
Na nossa sociedade parece ser tabu falar de suicídio e da morte em geral. Nunca se diz morreu, diz-se faleceu. Quando alguém se suicida, é completamente eliminada das conversas a forma como esse alguém morreu.
Pois eu acho que não existe ninguém que nunca tenha sequer pensado nessa hipótese e acho que quem não consegue falar sobre isso é que é alguém em perigo.
Da minha parte admito sem vergonhas que já o pensei muitas vezes e outras tantas percebi que era um erro muito grande, mas acima de tudo, acho que é uma injustiça enorme para quem cá fica, principalmente porque vai pensar sempre que podia ter feito algo mais!
Para quem, como eu pensa nessa hipótese, não tenham medo de aceitar esse pensamento. Aceitem-no e analisem-no... se realmente valerá a pena.
As minhas ideias suicidas sempre surgiram por desamor, e pensando pragmaticamente, vejo que é uma autentica idiotice pôr termo à vida só porque alguém não nos ama. Mas que dá vontade dá.... aquele desespero irritante de quem sempre soube dar a volta por cima e não está a conseguir.
Tenho na minha vida o contacto com o suicídio muito permanente, foram amigos e familiares que já se foram desta forma, e não os condeno, falo nisso abertamente, e se um dia essa fôr a opção de quem quer que seja, sabela-ei respeitar porque é algo que só à pessoa diz respeito.
O suicídio é uma solução, não uma doença como nos querem fazer crer. É sem dúvida uma solução algo egoista mas também corajosa.
Só cada um sabe o que sente dentro de si próprio e nunca devemos criticar decisões que se baseiam no íntimo de cada um que escapa até ao mais próximo.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Para que não haja dúvidas

When I'm felling down
Nothing seems ok
I see her eyes and I believe I'll find a way

When I'm feeling down
Things don't go so well
I see her eyes and I forget the tears that fall

When I'm alone in the street
And I'm scared and tired
For the first time in my whole life I felt desire

When I'm far from home
And I just don't want to be found
I run into your arms and they bring my feet back to the ground!

CHORUS
'Cause to love you means so much more (2X)
When I need to cry you make me try
I want to die and ask me why
'Cause I can't fight no more

When I'm felling down
Nothing seems ok
I see her eyes and I believe..
we'll find a way

I'm alone in the street
And I'm scared and tired
For the first time in my whole life I felt desire
When I'm far from home
And I just don't want to be found
I run into your arms and they bring my feet back to the ground!

CHORUS (2X)

'Cause to love you means so much more (2X)

CHORUS

'Cause to love you means so much more (2X)

When I wanted to stop
When I wanted to fail
I saw your eyes and I believed there's so much more…
So much more… so much more...

...

I want to die, ask me why....

domingo, novembro 25, 2007

Porque?

Porque deixámos de ser românticos?

Porque é que já nem o natal nos faz sorrir?

Porque é que já ninguém se suicida por amor?

Porque é que já não vivemos?

Até onde vai o esvaziamento de alma colectivo?

Quem vai parar as lágrimas do mundo?

Desisto....

esvaziei a caixa onde guardava todos os versos de esperança....

fiquei só com os da dor de já não ter mais de mais nada!

Fiquei só.

Só.

Apenas só...

não temporariamente, mas permanentemente só,

porque só isto não me chega e o que quero nunca vai chegar!

sexta-feira, novembro 23, 2007

Paredes de Pedra

Adoro as paredes de pedra,
mas também as pedras que se encaixam na taipa e desafiam o tempo.
Adoro a chuva que escorre por elas,
e o rasto que lhes deixa.
Adoro as covas que lhes faz.
São como rostos de vida.
A chuva são as lágrimas que como em nós cavam rugas.
E as rugas, como os rasgos de chuva nas pedras
tornam-nos mais bonitos, mais humanos, mais reais.
Queria tanto, bem no fundo, ser como elas.
Resistir a chuvas e ventos, a dores, e tremores de terra,
queria ser xisto, mármore, granito,
e não apenas esta areia que se deixa levar...
pelo mar!
E não ser mais do que uma pedra que já foi.

segunda-feira, novembro 19, 2007

verso em branco

existe em cada poema que te faço um verso em branco à espera que o preenchas....

o quanto eu sinto

"Hoje o céu está mais azul
eu sinto.
Fecho os olhos, mesmo assim,
eu sinto
o corpo estremecer.
Não consigo adormecer.
Amor, nem o tempo vai chegar
para dizer o quanto eu sinto
você longe de mim.
É uma espécie de dor...
Hoje o céu está mais azul,
eu sinto,
olho à volta, mesmo assim eu sinto
que este amor vai acabar,
e a saudade vai voltar.
Já não sei o que esperar
Desta vida fugidia.
Nem sei como explicar,
mas é mesmo assim o amor."

Rodrigo Leão

domingo, novembro 18, 2007

Gelo

Hoje acordei fora do tempo.
Ao abrir os olhos encerrados ontem por força da necessidade de dormir para esquecer,
sinto-me morto, um peso morto...
amorfo!
Tento descobrir o porquê de ter que me levantar,
mas tudo me parece etéreo... como se não existisse!
O Ontem parece um Amanhã eterno,
e não quero ter que me forçar a dormir de novo.
Quero saber o porquê de ter nas veias lágrimas em vez de sangue.
Quero saber o porquê da tristeza em vez da alegria,
e saber porque me sinto morto e continuo a enfrentar os dias.
Como quem atravessa um deserto
e a única certeza que tem é que as noites serão sempre mais frias
que os dias.
Como a neve teima em cair mesmo sabendo que irá derreter e desaparecer pelas encostas abaixo....
assim me acho...
Neve, frio,
dias a fio com lágrimas que caem em forma de gelo
e se estilhaçam ao cair no chão
como este coração que se arrasta e arrasta e arrasta... sem saber porquê,
para quê, nem até quando....
Só com a certeza que cada vez mais as noites serão mais frias.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Lento, bem lento, o amor virá....

Lento,
bem lento o amor virá...
e com ele trará
a certeza,
aquele sorrisinho parvo,
aquele acordar bem,
e mesmo tendo de ir a correr a casa de banho,
descalço no chão gelado de Inverno,
Sorrirei,
porque cá dentro,
como uma chama que esteve demasiado tempo só.
Viverá a sua alma gémea.
E sorrirei quando ao sair da casa de banho
estiveres envolta só numa curta manta,
meio estremunhada a sorrir...
e disseres,
também preciso de ir...
Volto para a cama e pouco depois chegas tu!
Envoltos neste calor que desafia o gélido Inverno alentejano,
levantar-nos-emos juntos, e assim será...
em todas as estações do ano,
e não haverá mais estações de comboio para partires,
porque partir será apenas um prelúdio do chegar.

terça-feira, novembro 13, 2007

Alguém

Deitado na cama
as lágrimas correm sem parar.
Na cama navego,
no rio de sofrimento,
das lágrimas que correm e desaguam no mar.
Não há vento que me embale!
Não há mão, ombro ou afago...
Nem colo onde possa adormecer,
colo de alguém que me ame,
ou que apenas me dê a mão neste momento.
Hoje sou filho do Ontem!
E ontem deixei a vida que trazia nos lábios
presa num qualquer ramo deste bosque de sombras que atravesso.
Ontem perdi a bússola, hoje o mapa...
Sou ninguém que desejava alguém aqui, agora, sem dúvidas.
Alguém que me desse a ansiada mão
e me ajudasse a atravessar este ribeiro de lágrimas
da floresta negra!
Que me mostrasse que ainda posso ter o sol.
Que me fizesse sentir que posso sair de vez da sombra...

domingo, novembro 04, 2007

mais uma vez a sonhar...

A sensibilidade do toque
A sensatez do olhar
A febre da ânsia de chegar...
o amor
o amar
o corpo
a mente
tudo... num só!
Desaguo na foz do teu olhar
e deixo-me escorrer pelo teu rosto
até morrer num abraço molhado em teus lábios...