terça-feira, dezembro 30, 2008

Sem Ti (R) - capítulo I

- Não compreendo essa tua obsessão por Rachmaninoff.
- Não esperava que compreendesses, aliás, duvido que compreendas seja o que for que esteja ligado ao Romantismo.
- O que queres dizer com isso?
- Nada...

Afastei-me, reparando no olhar misto de tristeza e incompreensão que me deitava.
A Joana era assim, eu não tinha o direito de a criticar. Há mulheres românticas e há mulheres que deitam os ramos de flores para o lixo. Ela era uma das últimas.
Saí porta fora, sem destino nem rumo. Queria simplesmente ser beijado no rosto por aquele vento de Inverno, de Janeiro, que tão bem sabe.
Sempre adorei o frio. Faz-me ser eu.
As ruas estavam desertas, à excepção dos cães vadios que buscavam a sua sorte com uma cadela cujo aspecto já tinha tido melhores dias. Os cães não são esquisitos, vão com qualquer uma, fazendo lembrar certos homens. No fundo, seremos assim tão diferentes? O que nos distingue dos animais é a cultura, a capacidade de nos regermos por valores, direitos e deveres e, perdido na divagação, entro no café do costume.
- Bom dia António!
- Boa tarde senhor João, boa tarde....
- Para mim só é tarde depois de almoçar
- Pois para mim é sempre tarde senhor João... e cada vez entardece mais.
- Hummm Joana?
- Que mais?...

Afasto-me para a mesa do canto. Hoje não me apetecem perguntas. Quero estar só. Fumar o meu cigarro, beber o meu café, mergulhar no meu desespero e decidir de uma vez por todas o que fazer.
Bebo o café de um trago, acendo o cigarro, puxo uma passa. Estou absorto em tudo o que vivi com ela. Todas as noites que passámos, a olhar a tecto, simplesmente a sentir que tudo estava certo. As madrugadas em que fizemos amor e as nossas respirações compassadas se uniam numa sinfonia intemporal...
Parece que foi há tanto tempo...
Envolvido, esboçando pequenos sorrisos, nem me dou conta do vulto que se aproxima de mim.
-Olá António! És mesmo tu?
Viro-me, sabendo já quem era. Aquela voz... até no fim mundo a reconheceria... senti-me gelar ao balbuciar:
- Olá....

quinta-feira, dezembro 25, 2008

sentir em formato de texto

Foste em mim BOLD

és itálico

em breve estarás entre "aspas".

As reticências que queres de mim, não serão mais

que três pontos FINAIS.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Thank God it's Christmas - QUEEN

Oh my love we've had our share of tears
Oh my friend we've had our hopes and fears
Oh my friends it's been a long hard year
But now it's Christmas
Yes it's Christmas
Thank God it's Christmas

The moon and stars seem awful cold and bright
Let's hope the snow will make this Christmas right
My friend the world will share this special night
Because it's Christmas
Yes it's Christmas
Thank God it's Christmas
For one night

Thank God it's Christmas yeah
Thank God it's Christmas
Thank God it's Christmas
Can it be Christmas?
Let it be Christmas
Ev'ry day

Oh my love we've lived in troubled days
Oh my friend we have the strangest ways
All my friends on this one day of days
Thank God it's Christmas
Yes it's Christmas
Thank God it's Christmas
For one day

Thank God it's Christmas
Yes it's Christmas
Thank God it's Christmas
Oooh yeah
Thank God it's Christmas
Yes yes yes yes it's Christmas
Thank God it's Christmas
For one day

A very merry Christmas to you all

segunda-feira, dezembro 22, 2008

O Natal

No Natal devemos dizer o que nos vai na alma. Abrir o nosso coração ao mundo, e esperar que o mundo o entenda, mesmo que nós não o entendamos.
O mundo é, basicamente, feito por nós, por isso quando nos queixamos talvez devêssemos olhar um pouco para nós próprios, pensar no que de errado estamos a fazer, e se não faríamos exactamente o mesmo daquela pessoa que tanto criticamos.
O Natal é amor. Pois, para mim o amor é todo o ano. Tal como a solidariedade, a nobreza de espírito, a amizade, o carinho, a afeição. Não deve haver épocas para se sentir! Quando se ama, quer seja pais, tios, amigos, filhos, vizinhos, patrões, deve ser todo o ano! A caridadezinha que vejo nesta época perturba-me um bocado. Onde a sociedade vê bondade, eu vejo hipocrisia.
Eu acredito no Pai Natal! Não no velho de barbas que anda a sentar crianças no colo e a trocar boas acções por presentes, mas no Pai Natal enquanto espírito de fazer o bem, enquanto análise ao nosso comportamento durante todo o ano, enquanto introspecção.
Acredito em Cristo e na sua mensagem de dar a outra face, do amor ao próximo, do sacrifício por um bem maior. E se é necessário encher as ruas de luzes e os carros de prendas para que as pessoas num ano se lembrem, nem que seja por 10 minutos, na sua mensagem, pois, por mim, é um mal menor.
Eu tenho fé nas pessoas. Fé na Humanidade. Tenho fé que um dia vejamos que o caminho que estamos a percorrer não é o mais correcto. Não sou nem quero ser um juiz de valores, apenas queria que todos fossemos um pouco menos egoístas, um pouco mais humanos, um pouco mais amigos, um pouco mais tolerantes e compreensivos.
No fundo, se o Natal é esperança de um amanhã melhor, então eu amo o Natal, e o meu desejo para este ano, é sinceramente que o que todos, ou quase todos, sentem de humanidade por estes dias, não seja tão efémero como o papel de embrulho. Afinal de contas, ainda há quem o prefira guardar, para mais tarde voltar a oferecer.

A todos um Bom Natal, de 365 dias.

Amo ergo sum



Amo
e por tanto te amar
sou o risco que no céu se desenha.
Sou
o sol que nasce e se recusa a desaparecer.
A lua que cresce e no mar que nos separa
se reflecte eterna.

És
meu ar
meu lar
chama na minha lenha.

Quando um dia se findar
este misto de seres, estares, cresceres, amares
serei
o que nasceu para partir
e não encontrarei mais forma
de voltar a sentir.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Agradecimento

A verdade é que não tenho muito jeito para demonstrar aquilo que sinto. Talvez tenha sido isso que me fez refugiar na poesia. Mas não posso mais adiar o que sinto aqui dentro, não posso, nem quero deixar passar mais uma vez em branco aquilo que tenho lido.
Todos, todos mesmo, sem excepção, têm sido maravilhosos. Os vossos comentários, as vossas palavras de incentivo, a forma aberta como descrevem a forma como os poemas vos tocam... têm-me deixado um pouco perplexo e muito muito agradecido.
O meu blog começou há cerca de três anos. Nele tenho espelhado os meus estados de alma. Não sou eu todo, mas é uma parte muito importante de mim que vêem aqui.

Das pessoas que conheço pessoalmente, Van, Sininho, Siuxi, O meu mundo, às pessoas que assim de repente por aqui vão aparecendo, o meu muito muito obrigado pelo vosso carinho. São mais que beijos, mais que abraços, são sorrisos que me provocam a cada letra.
Eu não tenho por hábito comentar os vossos comentários. Não por desleixo, mas simplesmente porque nunca sei bem o que dizer. Sim, vocês, roubam as palavras a um pretenso poeta :))) que querem?!

Um beijo às meninas, um abraço aos meninos, seguidores, comentadores e testemunhas em silêncio.

Aqui continuarei a escrever para vocês.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Auto-Retrato

Todos os dias me desenho
e me volto a desenhar.
Sou um eterno esboço
um rascunho
a tela vazia de sentido
os rabisco na folha rasgada
uma poeira de estrada
uma obra prima por finalizar.

Paleta de cores pastel
óleos, verniz, terebentina,
sou o pincel de artista
que beija a tela infinita
num beijo longo e demorado.

Nasci na beleza renascentista,
olhar vago,
rosto clássico,
sffumatto perfeito.

Perdi-me num impressionismo
de campos de girassóis,
nas névoas dos dias, nos horizontes rarefeitos.

No surrealismo cresci.
Nos relógios que escorrem no deserto,
assim como as horas nos meus dias incertos.

As artes me fizeram, as artes me definem,
concretamente surreal,
impressionista renascente,
rascunho imperfeito,
oeste
a leste
lua cheia, sol de inverno,
um paraíso de inferno,
um poeta,
um poente.

sábado, dezembro 13, 2008

Hoje

Hoje, sinto uma tristeza irreprimível, incompreensível, imensamente sufocante....

terça-feira, dezembro 09, 2008

Destino

"...acredito que há um caminho pré traçado para cada um de nós, mal desenhado. Nós damos os acabamentos..."

Lu@

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Espelho

Em comunhão com o blog no qual fui convidado a participar

www.espelhosentido.blogspot.com

publico o meu novo poema.


O espelho em que me vejo
não me reflecte.
Não me conhece.
Não mostra as rugas
nem as dores.

Não sou eu,
é um Gray que envelhece
um olhar que esmorece
no retrato de uma vida em fuga.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Amar

Amar
lutar
querer fazer
Amor
sem dor.
A teu lado
o calor
Afaga
amassa
Beija
afasta.

Entro
Recebes
Movimento contínuo...

Gemes
Sentes
Chamas
em chamas
Gritas
aflita
no suor
no ardor
escutas a música
Sinfonia
em doce húmida
Alegria.

terça-feira, dezembro 02, 2008

o porquê dos porquês.

És e serás sempre um eterno porquê...
Porque fui, porque sou, porque foste, porque não voltas.
E as voltas que daria porque decidiste voltar,
a sede que teria se escolhesses ficar.

Não és mais minha fonte,
essa secou.
Não és mais amante que distante me amou.
Não és, não serás
porque és e nunca serás.