quarta-feira, janeiro 16, 2008

História de vida

Pai a part-time


Mais que uma história de vida, esta é uma história que estou a viver. Pensando bem, nem uma história é porque não lhe encontro qualidades para tal. Vou chamar-lhe relato.

Tenho uma filha de seis anos.

A mãe dela abandonou-nos há 3.

No dia do meu aniversário, simplesmente pegou nas malas e foi.

Eu, que nunca aceitei que um filho deva ser criado longe dos pais, quer estes vivam juntos ou separados, fui, com a minha filha, para junto dela. Levei-a a viver no dia-a-dia com a mãe e no resto do dia-a-dia comigo.

Abandonei tudo. Arranjei trabalho, depois mais outro trabalho e fui-me aguentando como podia, só para poder estar com ela.

Trabalhei 56 horas por semana, mudei de casa várias vezes, sempre tentando aumentar o conforto para ela e para mim. Passei dias seguidos sem dormir porque quando saía do trabalho, tinha que aproveitar para estar com ela... tinha que aproveitar para ser feliz.

A mãe, entretanto, arranjou estabilidade financeira, um novo companheiro, uma vida nova. Eu continuei a minha luta por essa mesma estabilidade mas um dia, como que um castelo de sonhos com alicerces de pesadelo, senti-me ruir... cairam as paredes, ficaram os alicerces.

Nunca esquecerei esse dia, aquele em que recebi uma carta do tribunal de menores.

A mãe da minha filha, aquela que nos abandonou, tinha pedido a custódia para ela e pedia para que a visitasse só de 15 em 15 dias... Eu acreditei na justiça, a dos homens, dei tudo de mim, o que tinha e o que não tinha e agora, neste preciso momento, olho o calendário e conto os dias que faltam para o dia que a justiça, a dos homens, determinou que posso ser pai.

A minha filha pede-me para ficar comigo sempre que ao Domingo à tarde a tenho que levar...

A minha filha chora ao telefone quando diz que tem saudades minhas...

A minha filha...

Não consigo mais lutar... não tenho mais armas para lutar contra uma sociedade que acha que o amor de mãe é muito maior que o amor de pai.

Restam-me os fins de semana... resta-me transformar esses quatro míseros dias no universo de um mês, em dias de sonho, de partilha, de aventuras, de cumplicidades....

A minha filha.... que saudades tenho da minha filha.

12 comentários:

Ana disse...

oh migo =(

sei que a luta é dura, mas tu já sabes qual o caminho que tens de tentar seguir, certo?...não há outro.

pensa, olha, ao menos aquela cabra ainda me deixou os fds.

é uma filha da putice, é...

Safira disse...

Olá Poeta,
Infelizmente a sociedade ainda tem destes dogmas. assume-se sempre que as mães são melhor educadoras que os pais. É estúpido. Se a justiça é cega, não deveria distinguir o género nem deixar-se influenciar- Também conheço um caso em que entre os pais já não há grande coisa, e ele só não se vai embora porque sabe que à partida ela ficaria com os filhos. Isto, apesar de ser ele quem cuida das crianças...
Espero que consigas uma partilha mais equitativa e que aproveites bem os fins de semana. De certeza serão muito especiais para ambos. Força!

Ana disse...

Eu não diria melhor, safira. ;-)

Poeta, força. E aproveita o que tens, pelo menos isso ainda tens, certo?

Lúcia Machado disse...

"O que não nos mata...torna-nos mais fortes"

Coragem e nunca perca a esperança

Obrigada pela visita

Hespéra disse...

Olá Poeta,
Não sei se devo fazer comentários sobre um assunto tão pessoal e sobre o qual sei tão pouco, porque não tenho filhos.....
A tua "história de vida" não precisa de comentários, a injustiça está escrita em cada entrelinha. Na vida cada um carrega a sua cruz! Não desistas de lutar na justiça dos homens pela tua filha!
Se serve de consolo, o amor e a educação que lhe queres dar não depende da quantidadde de horas que passas com ela, mas da qualidade, esses 4 dias podem ser mágicos!
Força e coragem para os 2!

Ana disse...

A luz do amanhecer está certíssima: importa a qualidade e não a quantidade.

BF disse...

Não sei muito bem que palavras te dizer...
Estou do outro lado da tua estória... Sou mãe sozinha há 10 anos. Foi uma opção de vida mas por vezes nem sempre tem sido facil de levar.
Tenho posto sempre o bem estar ad minha filha à frente de tudo...até da minha vida enquanto mulher.
Espero que no teu caso, que só fiquei a saber a tua parte.... ambos se lembrem que acima de tudo está a criança.
Desejo do fundo do coração que ela seja muito ...mas muito feliz.

Beijos
BF

MoonDreamer disse...

obrigado a todas as que aqui deixaram o vosso comentário.
Bem sei que este é apenas o meu lado da história, mas no fundo, nem isso é, porque a realidade é muito mais que isso, a Vanadis sabe-o bem.
Este post foi um desabafo, muito sentido admito-o e em que lhe pode até faltar um pouco de racionalidade, mas tudo o que diz respeito à minha filha, só consigo reagir com o coração.

Papoila, sei bem a abnegação que é dar-mo-nos de corpo e alma a um filho, mas sei algo mais, e muito doloroso que é querer dar tudo de mim para a fazer feliz, e não me deixarem... vou-o fazendo a minha maneira. Mas gostava de um dia falar melhor contigo sobre este assunto...

Obrigado a todas

Anónimo disse...

Do outro lado só há uma mãe desequilibrada e egoista que só pensa nela e não pensa no bem estar da propria filha e que joga a filha contra o pai só por ciúmes. Certa vez que a filha estava doente e febril, na casa do pai, e o pia achou por bem poupá-la a uma viagem do alentejo ao algarve, ligou à dita mãe a explicar o facto e que fez ela??? foi a correr para o tribunal arranjar uma ordem da juiza, que mandou a gnr ao alentejo ir buscar a criança!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

há algum lado aqui????????? só o de uma mãe egoista que não devia ser mãe.

desculpem a franquesa mas eu tenho acompanhado a historia de bem perto e vejo o que a miuda quer: o pai. Ela nem gosta de viver com a mae, cujo namorado diz a menina que o pai não vale nada e tal. que raio de mae é esta???????????

Anónimo disse...

Eu só te vinha dar os parabéns via blogue, apesar de atrasados... :-) beijoca

Laura disse...

Ó meu querido, é a primeira vez que entro aqui e....
Eu sei o que sentes pois já tive um divórcio e um ex marido afastado que dizia que queria ficar com a minha nina pequnita ainda, pois a amada dele não conseguia engravidar e vai dai..pos isso me vim embora para cá, porque ela veio com os avós e eu vim depois, a nina chorava com medo que o pai a levasse pra outra, e ele raramente vinha ver os filhos, morava a pouco mais de meia hora de carro e passavam-se semanas e quando fomos ao tribunal para a custodia eu fiquei com eles, ele estava demasiado apaixonado pela outra para se preocupar com os filhos e eu deixei que ele os visse quando quisesse e nem messo assim..lá está longe, ja nem se lembra dos aniversários dos filhos e muito raramente telefona, manda sempre beijinhos para mim, muitas saudades, mas, ele escolheu aquele caminho....
Entendo o que sentes, pois so quem passa por elas.
Tem calma Deus ajudará e a nina daqui a uns anitos já poderá decidir com quem quer viver, calma, a vida dá tantas voltas que nem imaginas, ainda és novo, eu ja vivi muito e sei por experiência própria que na vida tudo passa e tudo se vai conseguindo realizar, adorei ler-te moço querido. deus te ajude. Pede-LHE que Ele não desampara e muitas vezes temos de carregar a nossa curz tão dificil de levar...
Envolvo-te num abraço cheio de ternura..laura..desculpa o abuso, mas ao ler-te... sou amiga daqui da vanadis e não te zangues comigo tá?.

Ana disse...

A laurinha é muito kida, não é?? =)