domingo, março 15, 2009

Excertos...


Faço-te deslizar sobre a cama, sobre os lençóis ainda amarrotados pelo ímpeto da paixão e deixo-te nua a olhares-me. Pego no pincel chinês, de pêlo de marta, e na tinta sépia e, dirigindo-me a ti, digo para te virares. Olhas-me carente e apaixonada e obedeces-me deixando a planície das tuas costas completamente a minha mercê. Sento-me junto a ti e começo a escrever, suavemente, arrepiando a pele ao toque do pincel e da tinta fria. Oiço-te gemer baixinho, na antecipação do prazer, e contrais-te quando, para escrever mais um verso, te toco a pele com a mão.
Escrevo sem parar e, a palavra sinto-te cada vez mais excitada. Perguntas-me, o que estás a escrever? Respondo-te, estou a escrever-me a mim, em ti.
Não me deixando continuar, viras-me e beijas-me, e entre tintas e pincéis, versos, poesia e palavras desgarradas, voltamos a fazer amor sob um sol que entardecia.

- Não me deixes nunca!
- Como te posso deixar, se já és parte de mim?
- Amo-te tanto...
- Sou-me em ti.

6 comentários:

Anónimo disse...

Soberbo!

Eu Mesma! disse...

Sabes uma coisa engraçada...

há uns dois anos atrás um rapaz com quem eu andava mandou-me essa imagem por email e disse que sempre que pensava em mim.... se lembrava do quadro...

nunca percebi se era um elogio ou não!

Ana disse...

Fizeste-me recordar o amor em tempos de cólera... :)

"Hay amores que parece que se acaban y florecen
Y en las noches del otoño reverdecen"

Será?

Beijinho e bom resto de fim-de-semana

Unknown disse...

Hum...

Bom domingo!

SRRAJ disse...

Oiiiii
Estou a ver que isso promete :-D
Prémio para ti no meu blogue.
Beijo

Lita disse...

Bem... acho que a paixão passou MESMO por aqui! :)
Texto lindo!
Beijocas