quarta-feira, março 04, 2009

Filho do vento

Na bruma da manhã, depois da noite em que sempre me encontro, sou um ser renovado. Dia após dia o encantamento repete-se. Sou o filho do vento e da lua, nascido numa noite de Inverno. Herdei de meu pai, o vento, a inconstância, a semente errante, o improviso e os beijos roubados de lábios distraídos. A força da tempestade e a doçura da brisa, é-me genético como a cor dos olhos que o destino quis verdes.
Minha mãe, a lua, deu-me a subtileza de uma noite de lua cheia. A beleza do luar de Janeiro, frio, distante, mas surpreendentemente aconchegante. Sou as suas fases, os seus opostos. Sou cheio, sou novo, e sou quartos. Sou um constante nascer depois de um poente, a saudade que fica dos dias de sol, do quente na pele. Sou o mistério e as sombras da noite que ocultam sempre algo desconhecido. Um mistério constante, uma névoa que esconde, um cantar de coruja na escuridão.
Sozinho, na noite do luar mais longo do ano, nu, no precipício sobre o mar revolto, abro os braços, e deixo o vento embalar-me e levar-me para longe, a voar, para junto do sonho, para junto de ti.

6 comentários:

Eu Mesma! disse...

definitivamente a tua escrita merece um prémio....

escreves de uma forma mesmo profunda!

Mag disse...

A beleza contida nessas palavras quase me encheu os olhos de lágrimas!

Unknown disse...

Isso faz de ti o k?Um eclipse ventoso???Nã...;O)
Espero que nos teus quartos consigas guardar tudo de bom que há em ti...Apesar do...(private joke)

Beijinhos lunares com sabor a brisa do mar, que eu tou doentinha e o vento faz-me mal...

Ana disse...

Tanta coisa só para dizeres que tens olhos verdes...tssctssc...

Eh pah, desculpa-me pela falta de profundidade :D não resisti

A Gata Christie disse...

Nem sei o que escrever... Bolas! Está lindo!

Ana disse...

"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

:)

Bom fim de semana