O caminho do poeta chegou ao fim.
Desde Novembro de 2005, encerrei em cada texto, imagem ou vídeo publicados, o que de mais profundo havia em mim. Nunca preparei a poesia que aqui viram e escrevê-la foi para mim um exercício de auto-conhecimento que teve durante este período uma extrema importância no meu dia-a-dia.
Mas tudo tem um fim.
Este blog ficará activo para quem quiser vir ver quem fui. Daqui para a frente não o serei mais. Ser sensível, romântico, dedicado, atencioso, só me tem feito mal, tanto ao A. como ao poeta. Poderei mesmo afirmar que o poeta está ferido de morte e não acredito que alguma vez volte.
Não vou agradecer tudo o que me escreveram, comentaram, disseram. Digo apenas que deixaram muito de vós em mim.
Tudo o que aqui escrevi sobre sentimentos é o que sinto, pelo menos por enquanto. Cada vez mais, aquilo que digo, o valer a pena viver perdidamente de amor, sinto que acredito menos.
A cada chapada da vida vou acordando mais um pouco, e o homem banal começa a instalar-se em mim, afinal de contas é tão mais simples ir com a correnteza do rio. Remar contra a corrente, para quê?
Haverá mesmo alguém que nos valorize por sermos assim diferentes? Será que esse valor que nos diz dar, tem efeitos práticos?
Quando nos dizem que não existimos, isso é algo bom ou mau? Estarão as pessoas preparadas para aceitar alguém diferente? Dispostas a amá-lo por tudo aquilo que alguém as faz sentir e que nunca tinham sentido?
A minha alma não é pequena, mas cada vez menos concordo com o Pessoa.
O mal de quem se apaixona é que acredita. Eu acreditei. Lutei. Mostrei-me, de uma forma que nunca tinha feito. O resultado? O mesmo de sempre. Tal como de muitas outras vezes estou sentado em frente ao pc a despejar letras no desejo de me compreender de uma vez por todas e perceber onde está o erro. Nunca o encontro. Nunca percebo o que realmente falha em mim. Acho que serei sempre o eterno amigo, aquele que nunca chega para mais. Aquele que tem tudo mas que não chega. O que toca a alma mas não desperta os sentidos. Sim, decididamente a falha tem que estar em mim.
São anos demais, pessoas demais, relacionamentos demais para que a falha não seja minha.
Não sei se o blog vai continuar, ou se vou fazer aquilo que a maioria faz, um blog cheio de nada com textos cheios de coisa nenhuma.
Uma coisa sei, neste momento vou para a minha concha. De onde não pretendo sair, de onde cada vez me é mais difícil sair.
Os olhos já não choram, a alma já não sofre. Até o vazio que senti toda esta noite, desapareceu.
Não vou mais voar, não vou mais sonhar, não vou mais iludir-me. As palavras vão ser guardadas a sete chaves e a chave atirada ao mais fundo poço.
Hoje o poeta não existe mais.
Hoje será um eterno amanhã.
Armando