- Dás-me um cigarro? Posso sentar-me?
- Senta-te...
- António Duarte... há quantos anos?
- Não sei, talvez anos demais.
Sentia-me morrer a cada palavra que pronunciava. Não me conseguia desviar daqueles olhos verde mar que tanto ansiara rever. Tinha feito telefonemas a amigos comuns, pesquisado na net em sites de dating e comunidades virtuais, e nada, tinha desaparecido sem rasto. Preparara vezes sem conta o discurso que queria ter quando a encontrasse, e agora, agora tinha-a aqui à minha frente e eu não sabia o que lhe dizer...
- Não me estás a conhecer? Não acredito.... não passaram assim tantos anos!
- Claro que te estou a conhecer. Não passaram anos, mas passaram muitas lágrimas. Como estás Inês?
- Estou bem, acabei de comprar casa. Aqui mesmo. Comprei o T1 do número 34.
- Procurei-te tanto...
- Eu tinha de ir António. Não me sentia minimamente preparada. Sei que errei e que te magoei muito. Mas... perdoas-me?
A sua expressão tornou-se mais meiga. A surpresa inicial tinha passado e olhava-me agora com aquele ar receoso de quem teme a resposta a um desejo.
Acho que foi pelos seus olhos que me apaixonei quando a vi pela primeira vez no metro. Recordo-me como se fosse hoje. A estação estava quase deserta e tínhamos ambos falhado o metro por segundos... O sinal sonoro das portas fora o nosso último passo. Lembro que ela me olhou, sorriu e disse, este já era. São só cinco minutos, respondi, e, no momento em que os nossos olhares se cruzaram, os cinco, passaram a dez, quinze, vinte, uma eternidade. E, de facto, assim foi....
- Já te perdoei há muito tempo Inês. Perdoamos sempre quem amamos. O mais difícil é perdoarmos-nos a nós próprios.
- Já li O Principezinho.
- E então?
- Já sei o porquê de me chamares raposinha.
- "Tornas-te eternamente responsável por aqueles que cativas"
- Sim...
quinta-feira, janeiro 01, 2009
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5 comentários:
...
:)
Adorei a empatia desse primeiro encontro... Foi bonito visualizar o momento.
Espero que o teu próximo primeiro encontro seja assim, mágico. E que perdure...
Bjo gd gd
Gosto muito de tu :-)
Cada vez melhor :)
Beijocas
Que ternura...continua! :)
Um breve momento num capitulo é mágico.
Mas sem dúvida que quanto ao perdão, é mais fácil perdoar os outros que a nós próprios...talvez por exigencia ou pura injustiça...talvez.
Esperamos próximos capitulos.
Beijos
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