quarta-feira, setembro 05, 2007

Fim

Hoje acredito em Deus!
Acordei e tive o que pedi.
Sou uma pedra de sentimentos de hoje em diante.
A todos os que me visitaram agradeço.
Mas declaro o fim deste canto,
o canto do cisne.
Um dia teria que acontecer...
o poeta poente, pôs-se finalmente,
e as trevas da noite esperam-no.
Não sei se serei nascente algum dia,
mas ficam os meus beijos e abraços (que são beijos com todo o corpo)
a todos os que me leram e me compreenderam.
Só se diz adeus quando é para sempre!
E o meu último sentimento é de agradecimento.
Espero que compreendam que mais não tentei do que tocar almas,
uma em particular... mas não consegui.
Olhem o horizonte laranja...
o céu perdeu-se na sua própria imensidão azul,
e deu-se finalmente o meu ocaso.
Adeus!

terça-feira, setembro 04, 2007

Perdido

Sem saber nem como, nem porquê,
abri os olhos e senti-me perdido.
Não tenho recordações do ontem
nem desejos para amanhã!
Sinto-me amnésico para a vida,
destinado a sofrer sem saber os quês nem os porquês,
nem sequer sentir a vontade de o saber.
Estou perdido numa imensidão de dor,
numa salada de frutas de desamor, sonho, saudade...
salpicada com canela da verdade.
O tempero da minha vida será sempre este...
a canela da verdade...
Maravilhosa em quantidade,
mas de uma amargura total em demasia...
Acordei assim há 28 anos....
quero fechar os olhos e continuar amnésico,
mas para alem disso,
quero acordar insensível, morto para os sentimentos.
Se viver é a maior dádiva que Deus nos dá.
o que fiz eu para O enfurecer?

domingo, agosto 26, 2007

"Saudade"

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas a amada já...

Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que nos magoa,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudade,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda

sábado, agosto 18, 2007

filha

olho-te sentada na ponta do escorrega,
absorves tudo o que te rodeia...
levantaste-te, corres na minha direcção de sorriso rasgado...
és um pouco de mim,
és aquilo que tenho para deixar à eternidade.
Amo-te filha!

quarta-feira, agosto 15, 2007

Frasco de guloseimas

Esquecido na prateleira de cima,
de madeira usada pelo tempo
e pelo uso de gentes
e clientes do fundo do templo das memórias,
Esquecido lá estou... frasco de boca larga, cheio de guloseimas!
Todos os que entram esperam que os trocos
inexistentes nestes tempos loucos,
lhes permitam levar um pouco de que tenho dentro de mim....
Levei assim a vida naquela prateleira,
estendi-me nela, inteira, e foi toda minha.... para me admirarem....
O tempo mudou
e cada pessoa começou a levar....
todas as pessoas que passaram pelo meu toque levaram
um pouco da minha guloseima, do meu doce, do meu ser....
amor....
o tempo passou, rápido como o ontem....
e não sei...
se quando chegares ao balcão, amado e alisado pelo tempo,
e pedires.... cinco tostões de rebuçados...
haverá sequer um bocado
do meu doce para ti!

sábado, agosto 11, 2007

Hoje, poente.....

Hoje, poente....
...poeta...
Hoje ponho-me me a oriente
e sonho que sou séculos de especiarias.
Sou um pouco de canela das índias,
açafrão, original....
Curcuma, cardamomo, cravinho,
hoje vulgar!
Sou uma viagem que se fez de ocidente para oriente e se perdeu na boa esperança...
Sou a eterna boa esperança
a eterna esperança....
Consigo descobrir em mim séculos de essências remotas,
viagens ao desconhecido,
anos, anos e anos de de esperanças...
hoje
mortas....

Amanhã serei de novo herói
e enfrentarei de novo o adamastor que vive em meu pensamento,
lutarei contra esse monstro imaginário que sou eu mesmo,
e serei frase de filósofo, louco.... porque
o que não me destrói....
só me põe mais forte.

segunda-feira, julho 30, 2007

Vida

Desenho, só, a dança
com que te quero embalar
Desenho no pó a esperança
de te voltar a abraçar.
Desenho no papel, de rascunho,
os próprios rascunhos que a vida fez de mim.
Nunca fui mais que uma prova inacabada,
um papel amarrotado
num qualquer cesto de papéis de um Deus qualquer.
Qualquer que tenha sido a ideia original de mim,
não saiu bem, nem mal, saiu... assim-assim.
Sou um assim-assim da Vida.
Brinco com ela e ela comigo.
Como duas crianças atravessamos,
inconscientes do perigo,
a estrada do destino sem olhar nem para um lado, nem para o outro.
Rebolámos juntos pelos campos, pelas searas....
Corremos pelos montes e gritámos aos combóios que atravessavam a planície, indiferentes ao ser e ao estar!
Tive na Vida a minha melhor amiga.
Ela,
cruel,
abandonou-me! (ou terei sido eu a abandoná-la?)
Só sei que nunca mais me ligou.
Sem ela,
não sou todo,
não sou nada,
sou assim-assim.

sexta-feira, julho 27, 2007

...para reflectir...

"A tristeza é a minha companhia"

quinta-feira, julho 26, 2007

Chagas

Trago em mim 5 chagas como as de Cristo,
não por imodéstia,
ou soberba...
mas por sentir na pele, como na alma,
a cruel vida de areia vadia mundo fora....

Trago a coroa de espinhos como os pensamentos em ti me dilaceram
Sinto o chicotear da alma com os teus frequentes, frequentes, frequent...es desprezos
Tenho minhas mãos pregadas a jorrar sangue, presas por não mais te abaraçarem
e tenho o aguilhão férreo em meus pés de preso que estou para ir a teu encontro...

estou moribundo

a chaga das chagas, a seta que me atravessará o coração, me trespassará a alma.... será a tua eterna ausência...

Escolhi, como Cristo, o sofrimento como vida
Ele por algo maior....
eu, por amor...

terça-feira, julho 24, 2007

Recordação

Naquela noite quente
sentei-me à sombra da tua memória.
Lembrei-me e arrepiei-me
de como amo os espinhos de tuas rosas.

Recordei todos os arrepios que me provocas.
Todas as vezes,
loucas, que a minha pele explodiu em erupções de prazer.

Recordo todas as gotas de suor que há tanto tempo amor
transpirei por ti....

Todas as brisas na praia têm o teu sabor.

Já me envolvi na areia até deixar de saber quem sou,
já me tentei entregar ao mar, para ele,
compreensivo,
me levar até à foz do teu rio...

Espero que ele me leve a montante desse rio de meus sonhos
e me entregue, são e salvo, junto a um castanheiro...
junto ao desabrigo de um castanheiro,
no qual me possa abrigar em ti.

domingo, julho 22, 2007

Viagem

Sonha amor, até ser dia.
Sonha o nosso sonho
que por esta noite peço interminável....

As estrelas já se foram
mas ainda anseio por teu beijo
ainda me arrefeço no lençol já frio da partida.

Sonha amor e aquece com o luar
do que ainda há-de vir.
Do que ainda espero
em noites de estrelas
em dias de luas omissas
em céus de memórias.

Faz a mala amor,
e não te esqueças do teu sorrir.
Traz a pessoa que eu era quando estava contigo.

Entra no primeiro comboio,
vai à janela... eu sorrio-te numa nuvem.

Vem amor, sai na paragem da felicidade,
estarei lá para te abraçar.

Seja ela onde for,
esteja a chover ou apenas um amanhecer frio.

Vem amor,
tu
a tua mala,
e quem eu sou contigo.

sexta-feira, julho 20, 2007

Alma

Estou deitado...
fecho os olhos e sinto-me a vaguear...
Minha alma desprende-se
e eu fico a vê-la ir-se.
Vai alma,
Nunca pares até encontrares!
Vai alma, deixa-me neste corpo inerte
onde os dias se esquecem de mim.

No teu caminho alma, lembra-te que fiquei aqui
que parei o tempo e sou agora um espectador de tudo.

Vai alma, percorre o mundo e,
quando encontrares a tua gémea,
não a largues nunca, e volta....
Volta para me soltares desta armadura de ferro em que me quis enclausurar.
Volta
tu e tua gémea, e partamos de mãos dadas
rumo ao pôr do sol
em busca do luar.

quinta-feira, julho 19, 2007

A minha inspiração

"Musas são todas vocês minhas amigas" foi esta a minha frase. E é verdade. É graças à grande amizade que tenho por Vanadis, O Meu Mundo, por Hannastar, por Little Tomato e outras pessoas que gostam de visitar este meu espaço.
É realmente por vocês que continuo e tornam-se assim as minhas musas.
No entanto, todas sabem por quem o meu coração chama enquanto escrevo. Todas vocês sabem que os versos que aqui deixo são lágrimas de arrependimento, saudade, ausência, e tudo relativo a uma só pessoa.
Essa pessoa poucas vezes veio ver o que minh'alma derramou por ela...
Quando veio achou que não era para ela... não sei porquê, resolveu duvidar... fiquei magoado de uma forma que pensava não conseguir mais ficar.
Aqui fica, então, sem ser em forma de verso. Tudo o que escrevo é para ti Liliane, todas as palavras que deixo aqui em forma de anjos que espero que te visitem, são para ti Liliane. Todos os segundos em que escrevo, e aqueles em que penso no que escrevo e ainda todos os outros mais que preenchem os dias, são para ti Liliane.
Tudo é para ti, todo eu sou para ti.
Mas, acho que me resta acreditar em duas coisas.... ou não tens capacidade de receber tão grande amor que transborda de mim... ou não o queres receber.... ou não sabes como.
Tudo o que fiz foi cantar-te de uma forma que espero eterna, porque, como tu dizes, as pegadas impressas na alma são indestrutíveis.... mas talvez seja hora de veres que o que deixaste em minha alma não foram pegadas, foi um trilho que eu ainda anseio que percorras! Um trilho que te vai levar directo a meu coração.... se tu quiseres....

terça-feira, julho 17, 2007

Janela

Ontem,
encostado à janela do parapeito da minha alma,
ouvi o que tinhas para dizer.
Esperei, sem interromper, que me desses os beijos
em formas de verbos e advérbios como só tu sabes fazer.

Sussurraste-me toda a noite.
Eu esperei.
Ouvi,
Senti
e no fim só consegui dizer, que te amo.

Que não tenho vergonha de o sentir
Que quero acima de tudo
que me embriaguies com essas palavras doces
de tão cruéis que são.

Quero até que me mintas,
que me omitas,
e me deixes adivinhar
o que realmente vai dentro desse teu labirinto de estar.

No fundo, mais não quero que ficar,
mas ficar mesmo,
apertado, apertado, apertadinho...
no colo a chorar bem de mansinho,
até ser de novo dia e tenha de novo que partir.

sexta-feira, julho 13, 2007

tudo passa, tudo passou

A nossa Aurora já foi
O nosso meio dia passou....
A nossa cumplicidade entardece
e tu teimas em não acender as candeias...

A nossa lareira arrefece
em breve as recordações serão apenas cinzas.
se tu não as ateares amor...

O pôr-do-sol está aí
acende as candeias, por favor!

terça-feira, julho 10, 2007

Sol ao sul

Deixo-me levar pelo intenso sol do sul
sigo à deriva neste mar de pastos salpicados de cor
adormeço sob o cerúleo azul
e acordo com tempestades a trovejar de amor.

Foi neste mar que me criei
Nele descobri que sempre há alguém
e que desejamos ir sempre mais além.

Foi na dor que conheci o amor
e ando agora com eles de mãos dadas.

O mundo não se revela contos de fadas,
o mundo revela-se como um planicie, ao sul, em pleno Agosto.
A vida esbofeteia-te o rosto, vezes e vezes sem conta
e está na tua mão decidir, ou não, dar a outra face.

Rumei demasiadas vezes ao sul do sul,
mas sempre me encontrei um pouco mais a norte...
Onde agora me encontro e
vou tentar, de novo, a minha sorte....

segunda-feira, julho 09, 2007

suspenso

Suspenso me encontro sobre a vida abismal
Suspenso nesta corda que dança sob meus pés.
Aqui me encontro e espero por teu sinal,
que me faça seguir recto, sem olhar fundo no incerto.

Espero que tua mão se dê à minha,
e ligados nesse toque eterno,
percorramos o mundo terreno.

E mesmo que a morte nos leve,
continuemos amor, de mão dado paraíso fora,
fazendo inveja a anjos e santos
e a todos os que recusaram entregar-se
a sentir o verdadeiro amor que é nada ter e tudo dar!

domingo, julho 08, 2007

Lua

Lua bem alta no céu
quantas vezes penso que és como eu!
Quantas vezes cheia a pedir desejos
quantas vezes nova a criar mistérios.
Outras minguante sempre em esperança,
e outras ainda crescente como o amor em mim.
Lua companheira
lua feiticeira.
Noite após noite sou tua,
noite após noite és minha.
Lua, minha amiga lua,

Esperança crua
de ser bela como tu... Lua!

sexta-feira, julho 06, 2007

Vou demorar-me em mim

Hoje, vou demorar-me um pouco mais em mim. Vou procurar em todos os armários, vasculhar em todas as gavetas, abrir todos os baús. Vou tentar encontrar um pouco do que já fui...

terça-feira, julho 03, 2007

Será...

Será
Será que é em mim que pensas,
quando me acenas?
Será,
que tremes como eu sempre que estás perto?
Será que não vês que me perco em olhares,
que me sonho contigo de mãos dadas?

Será que as noites são para ti
como para mim
prisões de beijos reprimidos.

Não vês que me roubas palavras,
que me levas nas asas de um desejo,
de um ter de ti mais que um beijo.

Porque de ti não quero ter,
quero ser,
quero amar,
e ficar bem junto do teu peito,
a sentir meu nome em teu respirar.

Impotente, luto....


Impotente, luto...
Luto contra a porta que teimo em não atravessar,
Luto contra a vida que sonho,
Luto até cair de rastos no pesadelo mais medonho
que é desistir para não ter de lutar.

Nego-me ser feliz
Nego tudo o que sempre quis
e ao fazê-lo,
nem vejo,
que te nego a ti!

És-me assim

Sou-te uma tatuagem e
assim me quero em ti... louco...
Que me leves vida fora, assim!
Que me escondas no íntimo
e me reveles pouco.
Que eu me seja em ti eterno,
que o corpo em que me encerro
só se mostre, também, a ti.

Tatuei-me à flôr de tua pele
e é ela que, leve, leve,
me leva pela vida.

Dream a Little Dream of Me

Stars shining bright above you
Night breezes seem to whisper "I love you"
Birds singin' in the sycamore trees
Dream a little dream of me

Say nighty-night and kiss me
Just hold me tight and tell me you'll miss me
While I'm alone and blue as can be
Dream a little dream of me

Stars fading but I linger on dear
Still craving your kiss
I'm longin' to linger till dawn dear
Just saying this

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me

Stars shining up above you
Night breezes seem to whisper "I love you"
Birds singin' in the sycamore trees
Dream a little dream of me

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me

Yes, dream a little dream of me

segunda-feira, julho 02, 2007

Mais logo, ao anoitecer...

Mais logo, ao anoitecer...
quando o sol se for e a lua aparecer,
promete-me que voltas!

Vou estar sentado nesta fonte mourisca,
rodeado de luar e sombras.
Vou ser pedra antiga
sonho
cantiga
visitar-te em meus pensamentos
e recordar os momentos
em que fomos um só.

Em nós não existia noite, nem dia
só um eterno sentir...
um para sempre ser,
para sempre estar...

No granito de que sou feito
as inscrições que deixaste serão eternas...

sexta-feira, junho 29, 2007

todas as marés

Todas as marés avançam e recuam,
todas as ondas são incertas.
Aceitei-te assim, sem saber ao que ia
Amei-te assim, na noite escura e ao raiar do dia...

Contigo só conheci longas noites
de amor,
de paixão,
de solidão,
de dor.

Em ti encontrei todo o espectro dos sentimentos.
Em ti quis viver mil anos,
por ti quis morrer.

Mas agora, a peça está a chegar ao fim,
e o teatro que protagonizei em ti,
cujo argumento não li,
vai sair de cena,
sem aplausos...


Vou rasgar da minha pele o teu cheiro,
vou secar da minha alma as lágrimas
que turvam meus dias.

Hoje condenei à morte o meu amor por ti!

quarta-feira, junho 27, 2007

Cinza

Quis ver em ti o arco-íris....
saíste-me um absoluto cinzento.

terça-feira, junho 26, 2007

Minh'alma

Minh'alma é uma prostituta de sentimentos,
Cobre-se de lantejoulas e espera...
Procura na berma das estradas os restos de amor de outros.
Espera na madrugada encontrar alguém que veja além do batôn,
além do infortúnio que é ter que se dar para poder sentir.
Minh'alma, dá-se ao primeiro que chega
e anseia, anseia que seja esse o verdeiro,
que não seja mais um chegar e partir.

Perdi minh'alma numa mata qualquer
onde ela se procura e se dá a quem vier.

segunda-feira, junho 25, 2007

Matematicamente falando...

Hoje sinto-me um conjunto vazio a tender para menos infinito....

Hoje

O dia nasceu encoberto.
A minha voz embargada pelas lágrimas de sempre
tentava, em vão, gritar.
Hoje, não quis abrir a janela da vida...
Deixei-me ficar no escuro dos pensamentos.
Antecipei a dor que vou sentir e
deixei-me envolver por recordações de ser sempre o Ausente.

Hoje sinto-me ausente de ti.
Os pesadelos voltaram e,
não te amei ao acordar.
Acordei a recordar quem outrora fui.

Quando foi que morri em mim?

Porque é que ninguém me avisou da hora do funeral?

Quem sou?
Onde estou?
Alguém que me encontre....

Grandes (Álvaro de Campos)

Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.

Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.

Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,

Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.

Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.

Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.

Mas tenho que arrumar mala,
Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.

Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.

Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.

Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.

Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!

Mais vale arrumar a mala.
Fim.


Álvaro de Campos

quinta-feira, junho 21, 2007

O poeta um dia sonhou...

O poeta um dia sonhou ver em papel, impresso a tinta eterna, os gritos de alma mais ou menos diários que, um após outro, foi deixando neste blog.
O poeta ontem acordou para a realidade.
Em forma de mail chegou a desilusão, em attach como o meu sentir permanente.
O download descompactou a espada que, sem se fazer avisar, me trespassou ao dobrar de dois clicks do rato.
1800 euros.... adeus sonho!
Um dia voltarei para ti.

quarta-feira, junho 20, 2007

Futuro

Sou um privilegiado
sei o meu fado.
Sei que mais não serei do que aquilo que poderia ter sido.
Sei que em ti serei eterno.
Sei que as vozes em mim são trovões, prenúncios,
são mortes!

O futuro é-me claro como este céu azul,
certo como o meu desnorte neste sul cardeal,
certo como a morte que tantas vezes me tenta,
certo como esta distância que tanto me aproxima de ti.

Deito as cartas do baralho da vida e o amanhã é hoje,
e assim será sempre
este dia a dia dormente do qual me recuso a acordar.

És

És-me azul
Turquesa

És-me verde
Esmeralda

És-me eterna
Lua

És-me querida
surpresa

És-me sempre
amada

Sou-me em ti...
assim.

terça-feira, junho 19, 2007

Oração

Esta é a minha Hierarquia Angelical:

Categoria: Querubim
Génio: 15º
Anjo: Hariel
Príncipe: Raziel
Ancoragem: Doces/Crianças

Características: São sinceros, perdoam facilmente. Adoram reconciliar as pessoas. Gozam de excelente saúde. Normalmente têm revelações através dos sonhos. São bons amigos e verdadeiros nas suas atitudes e compotamento.

Países onde possivelmente já viveram: Espanha/Itália/França

Oração ao anjo Hariel:

Anjo Hariel
afasta de mim o desânimo.
Concede-me a força
que desperta um intenso interesse por tudo e por todos.
Sou um grão de trigo que pretende tornar-se pão nutritivo.
Concede-me a Graça do Fogo,
da Coragem e a Água do Amor.
Purifica a minha vontade e conduz-me ao sucesso.

Aceito comentários....

quarta-feira, junho 13, 2007

74

Este é o post número 74 do meu blog, e como tal achei por bem dissertar sobre este tema.

74 é um número místico para todos os portugueses. Foi neste ano do século XX que perdemos a grande oportunidade de sermos livres.
74 é a idade em que espero já ter a minha vida orientada.
74 é 7+4=11, o número do corno, e nesta vida tudo me faz sentir encornado.
74 é 7-4=3, o meu número preferido, eu, tu e a Inês.
74 é o número atómico do Tungsténio, um nome estranho, como eu.
74 é o número de vezes que pensei em ti, na última hora.
74 é o número de pessoas que vão achar este post idiota (mt optimista).
74 quilos é o meu peso.
74 horas são três dias, o tempo falta para o fim de semana. (sim eu so folgo ao domingo)
74 euros é o preço do bilhete de ida para te ir ver.
74 dias é um mês e meio.
74 é o número antes de 75 (75 é o departamento de Paris)

Bem... acho que não muito mais a dizer...
Peço desculpa por este momento de insanidade mental, a poesia segue dentro de momentos...

quinta-feira, junho 07, 2007

Toi...


La plus belle - Toi

sexta-feira, junho 01, 2007

Vila Adentro

Entro vila adentro pelo seu arco
as paredes surgem-me salgadas como os rostos de quem passa.
Subo a calçada,
Soam cegonhas, eternas como como as paredes sarracenas em que me encerro.
Abro o olhar na Sé,
Celestial o canto ecoa como a fé dos homens na eternidade.
Mais cegonhas... impávidas... serenas....
Confesso-me nas pedras em busca da verdade,
mas só me chegam as memórias da imensidão de rostos que já as admiraram.
Os sinos soam...
...as cegonhas cruzam o ar e por breves intantes sinto um pouco da sua liberdade.
Nesta praça de sorrisos, encontro uma porta
Nova
Que me devolve os olhos ao cheiro da maresia.
Vejo um barco em silêncio... embalado pelo mar.
Volto ao largo,
Sigo pela Trem o trilho que me leva a outro mar, de flores...
Os sons de uma Taverna tornam este lugar ainda mais mágico,
mais humano,
e demonstram que ali os séculos pararam...
e as gentes de Hoje são como as de Ontem...
Saúdo El'Rei
e despeço-me....
Passo o Repouso e nele tento encontrar descanso na minha alma....

Não te escondas luar...

Não te escondas luar...
Não te escondas por detrás dessa nuvem de prata.
Leva-me a nadar no teu reflexo
desse teu imenso
amor.
Leva-me para bem longe deste tormento.
Lava-me da alma as lágrimas dos dias sem fim.
Seca-me as memórias tristes de semanas de Inverno.
Queima-me no Inferno do esquecimento,
Vem...
liquida este sentir,
e deixa-me ir
repousar onde cantam os anjos...

quarta-feira, maio 30, 2007

os dois...

Vivo para um dia que não chega. Sento-me e espero a noite. É nela que te encontro a povoar os meus sonhos mais ousados. Neles somos livres, corremos de mãos dadas pelo mundo.
Anseio a noite porque nela sou feliz. Ali estou contigo…. Como ontem em que estávamos num café em Paris. Não falávamos de nada em especial, como é normal em quem ama. Quando se ama não há a necessidade de nos tentarmos fazer algo mais do que somos… Basta ser, basta estar e tudo parece perfeito…
Nesse sonho amei-te com o mais profundo que tenho em mim. Quando acordei, estava triste. Não por esse sentimento ser exclusivo do sonho, mas por não poder estar nesse momento ao teu lado.
És parte de mim e só quando estivermos juntos me vou sentir de novo completo.

...sem ti....

O amor não é de quem ama,
É de quem sabe amar.
É de quem vive a vida num olhar.
De quem não receia o ridículo de voar
E cair…
Quando amamos, todas as quedas são amparadas
Todas as lágrimas felicidade
Todos os sonhos verdade
Todas as horas derramadas.
Porque quem ama não usa relógio!
Não sabe de tempo, vive no momento.
Viaja pelo mundo
Como um vagabundo,
Sem destino…
Todas as flores são papoilas nos campos
Como sorrisos nos lábios.
- Vermelho Paixão -
Quem ama e está longe, ama o ar.
Respira e sente a ausência na certeza que,
por momentos,
Aquele ar foi partilhado, como o leito outrora.
Estás longe,
Todos os cheiros me perseguem.
Todos os segundos são horas, que demoram e me fazer chorar.
…sem ti falta-me o sentido da vida…

Tudo

O sonhos por vezes já não o são…
O tempo por vezes pára…
A Terra é ar, o céu mar…
Tudo se une
Tudo se transforma
Tudo é um todo!

sexta-feira, maio 25, 2007

De todas...

De todas as cores do mundo,
és a minha preferida...

De todos os sons do mundo,
és a minha sinfonia...

De todo o tempo do mundo,
és a minha eternidade...

De todos os sítios do mundo,
és o meu paraíso...

De todas as letras,
és o meu alfabeto...

De todos os números,
és o infinito...

De todos os sonhos,
és aquela com quem sonho acordado...

Amo-te

quarta-feira, maio 02, 2007

shhhhhh....

Não acordes o meu amor...
deixa-o dormir profundamente..

não acordes de novo esta dor...

deixa-me sangrar das feridas,

fazer o meu luto...

deixa-me perder esta batalha!

Homenagem

Não sei de quem é este poema, pois foi publicado sob pseudónimo, mas adorei e quero partilhar convosco:

O Tempo
"Já não há tempo para nós,
O tempo perdeu-se
E nós perdemo-nos
Um do outro.
Já nem o vento vem soprar à minha porta
Palavras de amor,
Já nem chove nas manhãs de inverno,
Abandonaram-me as estações.
O velhinho que passava de manha cedo,
O da carroça dos bois,
Morreu...
Morreu de madrugada
Morreu sozinho...
Quem cuidará agora dos bois?
Já nem a solidão passa à minha porta,
Disse-me, a solidão
Que aqui já não há nada...
Nada para esquecer,
Tudo porque o tempo já passou
E até o tempo Se esqueceu de mim."

Clitie

Esta é a minha homenagem a mais uma alma sensível

terça-feira, abril 24, 2007

percorre-me...

Sem mais rodeios, Quero-te!
Aqui!
De novo.
Em meu redor,
No meu suor...

Quero perder-me na noite,
acordar no travesseiro do teu peito,
percorrer as planícies dos teus beijos longos... demorados...

Sonho contigo em infernos de prazer,
mergulho nas tuas ondas paixão...
Quero pecar
sem perdão...
Quero ser,
viver,
colher em ti as flores da berma da estrada que percorro
para te encontrar.

Amor, estou a percorrer as tuas costas com a ponta dos meus dedos...
Sentes?
Amor, meus lábios chamam por ti...
Ouves?
Amor, vem acordar comigo...
vem..

segunda-feira, abril 23, 2007

O primeiro poeta

"O primeiro poeta deste mundo deve ter sofrido muito quando pôs de lado o seu arco e a sua flecha, e tentou explicar aos seus amigos o que tinha sentido diante de um pôr do sol."

Kahlil Gibran

terça-feira, abril 17, 2007

Finalmente

Chama-se Texturas e abriu hoje.
Foi um sonho adiado, que demorou 4 meses a nascer...
A todos os que me lêem, a todos os amigos dos que lêem, a todas as pessoas... endereço um convite para visitarem a minha loja.
No jardim da Alagoa, ao fundo, mas em destaque!

Um espaço de artes, conversas, ideias, criatividade... um espaço diferente!

Até já.

sexta-feira, abril 13, 2007

Sempre, de sempre, para sempre, TU

a todos os Janeiros da minha vida,
a todos os abraços de despedida,
a todas as mortes,
a todos os caminhos incertos,
a todos os momentos de desnorte.

A todos dedico o meu sorriso!

Rastejei moribundo durante meses,
e às vezes estive perto, bem perto,
do desespero.
Mas acordei, uma lufada de ar fresco cresceu dentro de mim,
e assim, muito lentamente, está a dar frutos.

Tenho um sonho que se está a concretizar,
Tenho um futuro, melhor, agora consigo vê-lo...

Já não tenho medo de andar,
de correr,
de viver,
de ser!

Só me falta um beijo ao acordar!
Só me faltas TU!

terça-feira, abril 10, 2007

Saudade

Para ti, que és o meu último pensamento ao adormecer e o meu primeiro sorriso ao acordar...

Longe
Imensamente longe
Lá onde os anjos cantam e as almas choram,
Ilhas de abandono.
Amar-te-ei para sempre
Num momento presente!
E serás o meu ser, o meu estar, o meu tudo.


amo-te

segunda-feira, abril 09, 2007

Amizade

Há pessoas no mundo que merecem tudo!
Eu tive a sorte de encontrar uma pessoa, que vinda do nada se tem mostrado um grande amiga, sempre com as palavras certas nos momentos certos.
Essa pessoa tem um blog, e nele podemos ver um sorriso lindo... e quem a conhece um pouco melhor, consegue ver também o porquê de ser tão amiga.
Lá ela mostra toda a simplicidade com que vê a vida. Mostra toda a alegria do dia a dia, mas também as coisas que a chocam.
Nesse espaço podemos encontrar o seu mundo, um mundo construído à volta de muita simplicidade, de muita boa disposição, de muita compaixão, de muitos amigos, de muitos sorrisos e, sobretudo, de muita alegria de viver.
Tenho a certeza que também na tua vida houve lágrimas... mas soubeste secá-las com um sorriso... e hoje és uma pessoa a quem posso chamar AMIGA!
Obrigado pelos conselhos...

Na minha vida amorosa, os caminhos têm sido tortuosos, mas felizmente posso contar com pessoas que são mais que amigas, são autênticas irmãs...

Obrigado a todas.

PS - vale a pena dar um saltinho www.meumundo7.blogspot.com

quinta-feira, abril 05, 2007

Little Devil Little Angel

especialmente para a Lilis

quarta-feira, abril 04, 2007

Katie Melua Mini Acoustic Concert

os anjos cantam assim

Praia deserta

Gosto de percorrer esta praia deserta, povoada de sentimentos.
Gosto de percorrer as praias da vida...
Nasci numa praia imensa, sem areia, sem mar...
cheia de sonhos e poemas que o vento trazia.

Fiz-me poeta sem saber porque,
perdi-me no sonho de querer ser o que nunca fui.

Quando acordei não conheci ninguém,
estava perdido num mar se fundo.
E sentia frio, muito frio...

A vida acabou por me trazer um sorriso, que trago sempre comigo.
Com ele consigo esconder-me do mundo

As Madrugadas da Vida

Muitas vezes a madrugada parece não chegar, e o escuro da noite envolve-nos com o seu manto eterno. A luz foi-se...
São noites de lágrimas feitas, de sonhos desfeitos.
Quando alguém que amamos parte, deixa-nos só o que de mau temos, porque tudo o de bom que tinhamos entregámos-lhe...
Parta quem tiver que partir, familía, amigos, amantes... quem não quer ser um pouco de mim, que vá... mas devolva-me aquilo que de melhor eu sou...
Dei-te e tu levas...
Deixa-me ao menos ficar o suficiente para eu saber quem sou...

sábado, março 31, 2007

Amanhã


Em teus braços conhecerei o paraíso...

amo-te

Amo-te sem saber porque o sinto, e nesse amor guardo todos os beijos, todos os abraços que fiquei por te dar!

quinta-feira, março 29, 2007

Pequeno anjo

Pequeno anjo
percorres campos de papoilas,
acaricias malqueres com as pontas dos dedos.
Tocas-me na alma,
encontras segredos e eu, sem medo,
deixo-me levar pelo teu canto de aurora.

Tua voz faz eco nos meus sonhos,
teu beijo leva-me distante,
teus olhos põem-me ausente!

Olho-me ao espelho, já não sou eu.
Todo meu ser é teu!
Todos os meus ais são desespero,
todos os meus segundos, contados,
esperam um momento
sincero
em que voltarei a sentir os teus lábios,
em que voltarei a ser eu,
em que no espelho seremos dois,
em que o teu olhar será, de novo, meu.

Este ser, este estar, esta incerteza
Este morrer bem lento,
Esta ânsia de paraíso,
levam-me o sorriso,
e deixam-me esta insustentável leveza de não ser!

segunda-feira, março 26, 2007

Help!

Há dias que são como precipícios, em que se me apetece dar um passo em frente!

quinta-feira, março 22, 2007

Je suis malade

Je ne rêve plus je ne fume plus
Je n'ai même plus d'histoire
Je suis sale sans toi je suis laid sans toi
Je suis comme un orphelin dans un dortoir

Je n'ai plus envie de vivre ma vie
Ma vie cesse quand tu pars
Je n'ai plus de vie et même mon lit
Se transforme en quai de gare
Quand tu t'en vas

Je suis malade complètement malade
Comme quand ma mère sortait le soir
Et qu'elle me laissait seul avec mon désespoir

Je suis malade parfaitement malade
T'arrives on ne sait jamais quand
Tu repars on ne sait jamais où
Et ça va faire bientôt deux ans
Que tu t'en fous

Comme à un rocher comme à un péché
Je suis accroché à toi
Je suis fatigué je suis épuisé
De faire semblant d'être heureux quand ils sont là

Je bois toutes les nuits mais tous les whiskies
Pour moi ont le même goût
Et tous les bateaux portent ton drapeau
Je ne sais plus où aller tu es partout

Je suis malade complètement malade
Je verse mon sang dans ton corps
Et je suis comme un oiseau mort quand toi tu dors

Je suis malade parfaitement malade
Tu m'as privé de tous mes chants
Tu m'as vidé de tous mes mots
Pourtant moi j'avais du talent avant ta peau

Cet amour me tue et si ça continue
Je crèverai seul avec moi
Près de ma radio comme un gosse idiot
Écoutant ma propre voix qui chantera

Je suis malade complètement malade
Comme quand ma mère sortait le soir
Et qu'elle me laissait seul avec mon désespoir

Je suis malade c'est ça je suis malade
Tu m'as privé de tous mes chants
Tu m'as vidé de tous mes mots
Et j'ai le cœur complètement malade
Cerné de barricades t'entends je suis malade

Serge Lama

Paixão

Viver sem paixão,
mergulhar em água fria,
crescer sem sorrir, brincar, nem rir.
Morar sem companhia...

Atravessar sem canoa
o rio, o leito vazio.

Seixo partido, castelo caído,
noite sem estrelas ou sem poder vê-las.

Eu sem ti, tu sem mim
eu sem voz!

Cascata gelada, água parada, vida assim....
não quero para ti!

para Vanadis

terça-feira, março 20, 2007

Amador sem coisa amada

Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.

Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.

Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.

António Gedeão

sábado, março 17, 2007

Noite

Por vezes só,
com a lua por companhia,
percorro a estrada das memórias.
Invento o mundo das estórias e como um falcão,
desço na escuridão e cravo em ti minhas garras de paixão.

Acorrento-me a ti,
aprisiono todos os teus beijos, e desejos que crescem em mim!
Liberto-me e sou rio em teu peito,
desaguo e misturo-me com o suor na tua pele.

Qual lua?
Qual mar?
Qual terra?
Se tudo o que somos é feito de prazer!
Como uma luta, sou herói e depois vencido,
e acabo perdido
no teu leito de papoilas da primavera.

Vermelhas,
Frágeis,
Ternas,
Quentes,
ao som de um luar de sol, sempre presente!

domingo, março 11, 2007

A espiga e o orvalho

Eu nasço na noite escura,
sou filho do frio, da água que se adensa...
formo-me em ti
e
de manhã, quando o sol rompe...
choro-me no teu corpo
e caio redondo no chão.

Bebes-me quando te toco,
vais buscar-me quando te deixo.

Bamboleias ao vento,
sorris no calor, no amor do campo de searas.
És filha da Terra, do Sol, do Vento, do Espírito.

Eu sou a Água, sem mágoa, que corre
em ti
de ti
para ti.

Sou orvalho, tu espiga.

Um pouco mais

Somos as lágrimas de vinho num copo de cristal,
escorrendo numa vida horizontal!

Por vezes a memória atraiçoa-me e já não sei quem sou!
Por vezes descubro-me em ti e juntos abalamos,
voando num abraço de searas ondulantes ao vento.
Sou terra, tu água
doce.... salgada....
Viramos na primeira esquina e o inesperado
sentido da vida apanha-nos.
Encontrámo-nos, demos as mãos, olhámos em frente...
sonhámos distante,
e,
caminhando juntos,
enfrentámos o deserto da solidão.

domingo, fevereiro 25, 2007

Apocalypto

The creatures of the Earth saw that the Man was sad, and so they asked him why he was depressed.The Man told them, "I want to have better eye sight."The Owl said, "You shall be able to see like I do."And then the Man said, "I want to be stronger"The Jaguar replied, "You shall have my strength."But then the Man said, "I wish to know the secrets of the Earth."The Snake then told the Man "You shall know the secrets of the Earth like I do."The Man, having acquired all the gifts, left happily.The Owl then said to all the creatures, "Now that the Man has all of our gifts, he has become very powerful. I am suddenly very afraid."The Deer replied "But the Man will no longer be sad, now that he has all of our gifts.""No!" The Owl said,"I saw a hole in the Man. Deep, like a hunger he will never fill.""He will continue to ask of the Earth, but one day the Earth will have no more to give. And then the Man will realize that nothing on Earth can fill the hole he has in his heart."

sábado, fevereiro 24, 2007

Regresso

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro

quarta-feira, agosto 30, 2006

As três conversas da fonte com o luar

I

A FONTE: Há tanto tempo que nos juntamos, todas as noites para conversar!...
O LUAR: Tudo passou e há pra passar outra vez tudo sem repisar.
A FONTE: Tudo o que passa tem seu instante, só nesse instante é que passou.
O LUAR: Ficam saudades dentro do peito mas o instante, esse, passou.
A FONTE: Tudo o que passa tem seu instante, e as saudades é o que fica do que passou.
O LUAR: Mas as saudades não passam nunca nem deixam ver o qu'vai passar!
A FONTE: Não! As saudades ajudam sempre a ver melhor o qu'vai passar! Sempre a correr pra quem passar. Tu é que pensas pobre tontinho, qu'rido luar, que eu adivinho outro lugar melhor do que este pra me mudar!
O LUAR: Tu és tão clara no teu falar que eu ia já a acreditar!
A FONTE: Eu sou assim, ninguém me entende, nem tu sequer, que me conheces há tanto tempo! Sempre julgaste qu'eu 'stava à espera de qualquer coisa pra me mudar! eu sou assim, ninguém me entende, não sei mudar!
O LUAR: Tu és tão clara no teu falar que eu ia já acreditar! Tanta frescura o teu olhar! A tua voz, a quem nap sabe, não deixa dúvida é d'encantar!
A FONTE: Eu sou assim, ninguém me entende, não sei mudar!

sábado, agosto 26, 2006

Morrer devagarinho...

Corre na noite o verde
Põe-me no escuro a dor
Estico-me na luz,
Seduzo no amor o querer esperar...

Façam-se em mim os sonhos
Os desejos
Os mortos prazeres
Os ecos dos dizeres que eu posso tudo...

Mestre, sou como tu!
à parte disso nada sou...
Uma avelã que cai em chão alheio,
Todos a pisam, ninguém a semeia!

Procuro na noite, mas esta cerra-se como o bréu.
E o sonho que me corre nas veias ( que me semeiem, para mais tarde colher),
Desvanece-se na bruma do amanhecer.

Abro os olhos...
e sou de novo como tu!
Também eu aperto ao peito hipotético
aquilo que sou, patético...

quarta-feira, agosto 23, 2006

As 10 regras da sedução masculina contemporânea

1 - Ser infiel, mas com a capacidade de convencer a companheira que isso é normal e natural.

2 - Ser loiro, de preferência com madeixas.

3 - Deve vestir uma mistura de vagabundo com Boy George

4 - Dar flores e presentes só nos dias necessários, S. Valentim e aniversário.

5 - Não ser romântico.

6 - Não trabalhar, ou trabalhar muito pouco e viver às custas dos pais.

7 - Não saber cozinhar, nem lavar roupa nem loiça.

8 - Andar na universidade (andar, não estudar!)

9 - Ter o corpo ligeiramente musculado, ainda que o comportamento social raie o alcoolismo.

10 - Ser giro para que as mulheres possam fazer inveja às amigas.

terça-feira, agosto 15, 2006

O que é para mim o amor!

Desço a colina verde dos sonhos,
entro em escuras e cativantes florestas,
sou um guerreiro de peito aberto
às setas da vida e ao futuro incerto.

Sou ágil como uma gazela
por entre leões famintos,
as dores que sinto são ultrapassadas
pela miragem do teu abraço, por uma noite no teu regaço...

Tudo isto são ventos e brisas de mudança,
a vida a correr na esperança
de um dia me unir,
me sentir,
junto a ti,
os dois,
como um só!

segunda-feira, julho 24, 2006

Para reflectir...

"Um dia a maioria de nós irá separar-se.

Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.

Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.

Vamo-nos perder no tempo....

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......

Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo.....

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa

sexta-feira, julho 14, 2006

Dejo en tu piel

Dejo en tu piel
la música caliente de mis manos
y enhebro con tus cabellos mi boca,
temblando.
De amor, de risa, de miedo, de llanto
quizá porque eres mía
en agosto, y en verano
cuando nacen gorriones tibios,
cuando brotan tulipanes blancos
cuando vuelven por la noche las estrellas,
cuando tu cuerpo se resbala lentamente, desnudo, sensual, estilizado
bebiendo el polen del amor
el zumo de la vida,
trago a trago.
Trepo a las colinas de tus pechos
por tu cintura frágil me desangro
y descubro en ti la primavera
que prometieron para mí tus ojos claros.

Si dejaras de besarme,
de besarnos
mi sombra moriría, niña,
y yo a su lado.

TEODORO FREJTMAN

Anjo

Uma luz,
uma voz,
teus olhos voam como anjos
e descansam em mim....

Porque sou tão fraco quando me olhas?

Sinto-me aprisionado nesse teu olhar de mel,
nesse teu canto de anunciar o dia,
na frescura da brisa quando passas por mim...

É como morrer de sede frente à imensidão do mar,
tanta água que não posso beber,
tanto sentir que não posso sentir,
tanto tocar que nao posso tocar,
tanto corpo para desvendar que não posso descobrir...

És um anjo,
uma folha de outono,
uma rosa de inverno,
um prado colorido de primavera,
sempre um pouco mais de beleza na vida,
o motivo pelo qual tudo vale a pena...
um tronco a arder na lareira do nosso lar,
onde me posso aquecer e esperar
que adormeças a meu lado.

Sem ti, nada faz sentido...
os dias passam e perdem-se na imensidão do tempo...
Olho para trás e o que podia ter sido
mais não foi que o sonho que esta noite me acompanhou.
O que desejei não foi mais que a história de reis
que me contavam em criança...
O que esperei não foram mais que loucuras de um nómada
a atravessar este deserto da vida.

Tu és o meu oásis, onde descansarei e amarei para sempre... como se ama apenas uma vez na vida!

quinta-feira, julho 06, 2006

Quimera

Os dias passam como quedas de água.
Imparáveis caem em mim e eu...
que espero não esperar nada...
dou por mim a nadar num mar sem fim
de uma cascata assim.

A água bate-me como as horas do dia ecoam na minha alma,
corre-me pelo rosto, disfarça-me as lágrimas,
arranha-me como areia
e tu sereia que espero...
enterro-te em mim,
espero por ti...
e desespero!

Badaladas no campanário
a lembrar que morri mais um pouco,
percorro este caminho como um louco
e no fim, saberei que vivi, como vivi,
saberei que cortei estas horas do dia
como um vento gelado.
Parti-as em duas, em quatro...
ao fim do dia estava de rastos
e na aurora seguinte estava de novo,
como um polvo:
com oito mãos para tudo tocar, para te abraçar...
e mesmo assim foste embora....

Esta dor de sentir por nunca ter sentido,
querer ter-te nos braços e todos os abraços
terem sido fugazes.... urgentes.... trementes de emoção...

Os beijos escondidos, repetidos...
proibidos por não me quereres amar,
ainda me povoam os lábios....

Sei que sou louco por querer o que não posso
Sei que até, talvez, sejas um sonho...
Uma quimera, uma utopia...
Mas nem por isso deixo de te querer,
De ansiar mais do que a vida,
Passar contigo um dia, debaixo de chuva,
a ver o sol morrer no horizonte!

quarta-feira, junho 21, 2006

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.


He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.


The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

W.H. Auden

sábado, junho 10, 2006

Reflectindo...

Hoje, quando me dirigia para o carro, atravessando um estacionamento subterrâneo vazio de almas, deparei-me com uma singela garrafa de água vazia perdida naquela imensidão de cimento riscado a branco... o meu primeiro impulso foi pontapeá-la, mas não o fiz! Em vez disso pensei na analogia daquela imagem com a vida... Porque temos nós o impeto de pontapear tudo, de maltratar tudo, de afastar indelicadamente tudo, apenas porque temos oportunidade e vontade de o fazer?!
Realmente fiquei a pensar nisso.... E ainda bem que não pontapeei aquela garrafa, porque talvez estas situações nos surjam na vida para algo ou alguém superior a nós possa analisar a nossa maneira de ser... a forma como nós agimos! Sim, talvez estas pequenas coisas sejam testes à nossa personalidade, testes que se nos quais passarmos o destino será benévolo connosco e a sorte surgirá....
Como sempre digo, eu quero acreditar que o mundo é redondo e dá voltas e voltas... e tudo aquilo que fazemos aos outros acaba por nos cair em cima... seja o bem ou o mal....
Pensem nisto!

quarta-feira, maio 17, 2006

Pensando....

Vejam, revejam... sonhem e chorem no fim... aconselho "La lengua de las mariposas"

sexta-feira, maio 12, 2006

Simplesmente só...
Triste como olhos de cachorro...
Abandonado como uma azinheira num morro...
Solto... vazio... descrente de uma vida presente...
Ausente como a saudade após a despedida...
Perdido ao largo de uma vida...
Sou algo que ninguém vê...
Um livro que ninguém lê...
Empoeirado na prateleira do tempo...
Sou como uma escova de dentes em casa alheia...
Sempre prestes a despedir-me
e a partir.

sábado, abril 29, 2006

Amar

"Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"

Fernando Pessoa

sábado, abril 22, 2006

Volta...

Chegaste na madrugada
em que as rosas se encolhiam da geada....
A névoa escondia os pinheiros...
Os primeiros raios de aurora rompiam a noite...
Como amantes amanhecemos para a vida.
Como caminhantes pusémo-nos ao caminho.
Como um só fomos o carinho, o amor, o desejo, o ardor de um beijo...
Fomos o que ainda somos!
Almas perdidas um busca do sonho,
do sonho de amar e ser amado,
O sonho de querer ter algo mais do que temos!
Esta luta incessantemente diária...
Esta batalha que temos que travar,
este esconder do ser, do estar....
O dia chegará,
em que os raios da aurora
vão desvendar algo mais que a noite...

domingo, abril 16, 2006

...

- amo-te. insistiu ele
- eu não. respondeu ela.
- e se nos voltarmos a encontrar? perguntou ele.
- eclipses, nada mais. respondeu a lua ao sol.

Jorge Serafim

sábado, abril 15, 2006

Espíritos de vento

Corre mundo fora
leva contigo minha mágoa,
minha dor de não ser mais que isto...
Por perder, por sofrer desta dor de ausência...
Bates nos rostos ausentes,
forças lágrimas nos poentes.
És eterno, belo e efémero.
Percorres o mundo tanslucente
e cortas almas decadentes.
Às vezes quando menos esperamos
vais-te... fica o silêncio.
E nós, na nossa inocência,
esperamos que voltes,
que tornes a contar-nos histórias
e memórias de sítios distantes.
Mas não vens...
Uma estranha calma envolve-nos e sentimo-nos perdidos,
feridos por algo que nos falta!
É assim que somos...
Queixamo-nos
quando tornas a nossa vida turbulenta...
quando sopras de todas as direcções
e varres emoções!
Mas quando te vais e fica o vazio...
somos velas sem pavio!
E não sabemos o que fazer.
É esta a natureza humana. Nunca estar satisfeito!
Não querer o imprevisto mas odiar o perfeito.
Para onde caminhamos?!
Errantes vagabundos vida fora.
Não somos mais que ventos inconstantes,
tormentas surpreendentes que nos fustigam.
Quanto a mim...
basta-me que me batas no rosto
como uma lâmina....
Me roubes uma lágrima tantas vezes contida...
Me contes histórias de tempos idos...
Porque tu percorres o mundo,
invades almas,
vais ao fundo, e, voltas sempre...
como eu...

domingo, abril 02, 2006

Eu sei

Sonha, sereia pensativa
em frente ao mar.
Quantos braços queria para te abraçar...
Quantos barcos cruzarão este mar
para que sejas minha?
Olhas na distância a ânsia de um olhar.
Olha como as gotas te molham os olhos de esperar....
Quero buscar-te nas ondas
da ventania do mar alto revolto.
Quero ser o desejo que solto
quando te chamo e te quero...
Desespero nas noites que passo de mãos presas por te tocar...
Noites breves....
Noites de desespero
pelo teu olhar...
Sinto como me olhas
Sinto que me queres
Sinto que me pedes
que dê um passo!
Mas não o dou....
Em vez disso, esqueço o tal desejo de te tocar
e contento-me com o olhar...
De quem passa a vida à espera!

quarta-feira, março 29, 2006

TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(
E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso?
Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio?
Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas
-Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim?
Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeiraE continuo fumando.Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira.
Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928

Escrito 74 anos antes do meu amor nascer. Adoro-te filha.... este poema vai ser a minha melhor prenda de aniversário.... juntos iremos analisá-lo.... e ver que é o melhor roteiro para a vida.

quinta-feira, março 23, 2006

Primavera

Perco-me nos teus beijos
Ardo em desejo de tanto te amar....
Afogo-me em palavras a suar...
Sabes-me a estevas na serra...
a sopros na planura do alentejo.

És quente amor....
Quando te desejo no fim da noite....
Ao início da tarde....
sente amor....
Como corro na loucura de estar contigo....

Juntos somos um só....
Nada mais existe....
Só esta vontade de estar mais e mais e mais....
Até.... o céu desabar e tudo à volta ruir....
Os teus ais abafam e persistem....
O mundo sente-se só pois nós abandoná-mo-lo
E o que interessa o amanhã se hoje somos felizes?
Vem comigo amor.... dá-me tudo de ti....
.... sou teu.... só teu... só.... nosso.....

domingo, março 19, 2006

Tu



Só eu sei quem és....

Anjo caído.... como foi que o céu te perdeu?
Desceste em mim com toda a tua luz e levaste-me contigo!
Não sei mais viver sem esse castanho penetrante....
Sem esse vermelho atraente....
Sem esse dourado ofuscante!
Longe de ti estou perdido.
Sou um tronco vazio num bosque encantado,
um cavaleiro sem espada na derradeira batalha,
uma ida à praia sem toalha....
quelque chose incomplète
um botão de camisa, desabotoado....

domingo, março 12, 2006

The queen and the soldier

The Queen And The Soldier

The soldier came knocking upon the queen's door
He said, "I am not fighting for you any more"
The queen knew she'd seen his face someplace before
And slowly she let him inside.
He said, "I've watched your palace up here on the hill
And I've wondered who's the woman for whom we all kill
But I am leaving tomorrow and you can do what you will
Only first I am asking you why."
Down in the long narrow hall he was led
Into her rooms with her tapestries red
And she never once took the crown from her head
She asked him there to sit down.
He said, "I see you now, and you are so very young
But I've seen more battles lost than I have battles won
And I've got this intuition, says it's all for your fun
And now will you tell me why?"
The young queen, she fixed him with an arrogant eye
She said, "You won't understand, and you may as well not try"
But her face was a child's, and he thought she would cry
But she closed herself up like a fan.
And she said, "I've swallowed a secret burning thread
It cuts me inside, and often I've bled"
He laid his hand then on top of her head
And he bowed her down to the ground.
" Tell me how hungry are you? How weak you must feel
As you are living here alone, and you are never revealed
But I won't march again on your battlefield"
And he took her to the window to see.
And the sun, it was gold, though the sky, it was gray
And she wanted more than she ever could say
But she knew how it frightened her, and she turned away
And would not look at his face again.
And he said, "I want to live as an honest man
To get all I deserve and to give all I can
And to love a young woman who I don't understand
Your highness, your ways are very strange."
But the crown, it had fallen, and she thought she would break
And she stood there, ashamed of the way her heart ached
She took him to the doorstep and she asked him to wait
She would only be a moment inside.
Out in the distance her order was heard
And the soldier was killed, still waiting for her word
And while the queen went on strangeling in the solitude she preferred
The battle continued on

Suzanne Vega

Return to innocence

Return To Innocence
(Curly M.C.)

Love - Devotion
Feeling - Emotion

Don't be afraid to be weak
Don't be too proud to be strong
Just look into your heart my friend
That will be the return to yourself
The return to innocence.

If you want, then start to laugh
If you must, then start to cry
Be yourself don't hide
Just believe in destiny.

Don't care what people say
Just follow your own way
Don't give up and use the chance
To return to innocence.

That's not the beginning of the end
That's the return to yourself
The return to innocence

Enigma

Elegia a uma pequena borboleta

Como chegavas do casulo,
inacabada seda viva
tuas antenas fios soltos
da trama de que eras tecida,
e teus olhos, dois grãos da noite
de onde o teu mistério surgia,
como caíste sobre o mundo
inábil, na manhã tão clara,
sem mãe, sem guia, sem conselho,
e rolavas por uma escada
como papel, penugem, poeira,
com mais sonho e silêncio que asas,
minha mão tosca te agarrou
com uma dura, inocente culpa,
e é cinza de lua teu corpo,
meus dedos, sua sepultura.

Já desfeita e ainda palpitante,
expiras sem noção nenhuma.
Ó bordado do véu do dia,
transparente anêmona aérea!
não leves meu rosto contigo:
leva o pranto que te celebra,
no olho precário em que te acabas,
meu remorso ajoelhado leva!(...)

Pudeste a etéreos paraísos
ascender teu leve fantasma,
e meu coração penitente ser a rosa desabrochada
para servir-te mel e aroma,
por toda a eternidade escrava!
E as lágrimas que por ti choro
fossem o orvalho desses campos,
os espelhos que refletissem
vôo e silêncio
os teus encantos,
com a ternura humilde e o remorso
dos meus desacertos humanos!

Cecília de Meireles

Pois é...

Pois é... a vida às vezes é engraçada... quando menos esperamos prega-nos partidas. Talvez esteja a ser demasiado "cliché" mas é o que de facto me aconteceu. O que retiro de tudo isto é que, decididamente, não vale a pena fazer planos... querer ser o que não somos ou mesmo ansiar demasiado... quando menos esperamos há algo que nos surpreende e nos faz acreditar de novo na maravilha que é poder acordar todos os dias, ou todas as tardes, e dar graças por estarmos vivos.
Viver é, por si só, um estado de alma... não um estado físico.... porque aproveitar a vida ao máximo é deixar correr os dias, sorrindo a todos e adorando cada surpresa atrás de cada esquina...
Dizia-me hoje uma cliente, brasileira, extremamente simpática, embora de poucos sorrisos, "o que vale é que aqui estão todos bem dispostos"... gostei deste comentário, porque ele reflecte um pouco e, ao mesmo tempo, muito de mim! Adoro estar bem disposto, e só o consigo porque estou de bem com a vida. Porque a aceito como ela é. Apanho cada migalha de felicidade. Pois é de todas essas migalhas que se faz um sorriso interior permanente...
Eu sabia que era este o meu caminho. Sabia que haveria de chegar o dia em que alguém iria reparar em mim! Por aquilo que sou... porque sei que sou muito. Porque o desejo ser!
Não sei se é contigo que vou ficar, não sei se vou sequer passar mais um dia da minha vida contigo, mas uma coisa é certa, por tua causa consegui ver que ainda vale a pena ter esperança... que ainda há pessoas boas no mundo.... mais ainda... que ainda há quem queira algo mais que o vulgar modo de vida.
Hoje não te quero dar poesia... apenas quero mostrar que hoje sou teu, e que amanhã também o serei se assim me quiseres!
Je t'adore!

sábado, fevereiro 25, 2006

O meu anjo

Anjos

MENSAGEIROS DE FÉ E LUZ

Eles são a manifestação de Deus em nossas vidas

Hariel - Anjo da Saudade
Nascidos nos dias 20/01 03/04 15/06 27/08 08/11

Sua personalidade: quem nasce nestes dias é uma pessoa séria, de princípios morais rígidos e que não aceita ser a culpada de nenhum tipo de injustiça para com os outros. Como é exigente consigo mesma, acaba fazendo o mesmo com as pessoas e passa a impressão de ser um tanto grosseira, mas quem a conhece sabe que apenas luta para ver o sucesso de todos. É uma amiga fiel, em quem se pode confiar em qualquer situação. No amor: vive quase que 24 horas sua vida profissional. É tão ligada ao trabalho que, normalmente, quem se apaixona por você ou quem você conquista é um colega ou chefe de trabalho. Isso acaba fazendo sua relação caminhar bem, pois esta pessoa sabe como é e respeita seu jeito. E você, por sua vez, ensina seu parceiro a ver outras formas de viver a profissão, de tal maneira que possa curtir, ao mesmo tempo, a família e os amigos.

Só poderia mesmo ser o anjo da saudade...

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Dilema


Nunca se vos colocou o dilema de como apagar uma vela sem a terem acendido ainda?

Hoje

Hoje sou um poeta sem poesia. Deixas em mim algo de tão profundo que não posso tocá-lo... quero chegar-lhe e tomá-lo para mim, mas tudo me parece proibido. Passas o dia à distância de um olhar mas é como se caminhasse longe de tudo e de todos.
Às vezes duvido que saibas... outras tenho a certeza de que te apercebes.... mas tudo continua igual...
Os dois num silêncio invadido de palavras banais, conversas vulgares, lugares comuns....
Será este o meu deserto a atravessar para chegar à Terra Prometida?!
Deserto... estepe... planície gelada... quero percorrê-lo para ao pé de ti chegar...
És um pouco de magia... um pouco de realidade, és a pérola mais difícil e a brisa mais amena... Um pouco mais.... algo que nunca tive... o desejo do inalcansável.... a utopia!

Regresso

Perdido numa noite de má memória, pôs-se o poeta poeta.... vagueou sem rumo durante quase duas luas mas ei-lo de volta.... Um poente feito nascente uma vez mais....

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Portugal 666



Recordem comigo o filme de Roman Polanski "Rosemary's baby".... nós todos, o nosso Portugal, somos a pobre Rosemary... acreditem!


Momento solene de lucidez política

Não sei se será do mês de Janeiro (conhecido como mês dos gatos), mas anda todo o país numa excitação tremenda. E o que mais me custa é saber que tudo isto vai acabar como uma noite de mau sexo. Cavaco vai ganhar e, tal como na dita noite de mau sexo, vamos todos, por volta da 1 da manhã de dia 23, dizer "ah... é só isto?" e a insatisfação vai continuar....
Só espero que seja uma relação, embora fugaz, segura. Pois nem quero imaginar no que poderá nascer daqui a 9 meses.... talvez o dito monstro, bastantes vezes mencionado no passado....

domingo, janeiro 15, 2006

Borbulhas de água tónica


Alguma vez se deitaram a pensar no porquê do borbulhar da água tónica?

sábado, janeiro 14, 2006

Relampejos de felicidade

Cruzei o céu desta forma...
como um relâmpago...
Espalhei-me na vida ao comprido...
Agora...
que navego sem sentido,
tudo me parece em vão...
Tudo me parece vazio...

Ao virar de uma qualquer esquina estarás...
e lá me aceitarás e me farás feliz.
Porque tu, que nao sei quem és...
És quem Deus fez, para mim!

Cruzo esquinas, vejo ruas...
Desertas... como eu...

domingo, janeiro 01, 2006

Finalmente

Finalmente, foi finalmente....
Abalaste...
Felizmente soltaste as amarras com que prendias
o meu coração...
O novo ano incendiou-me.... libertou-me.
Agora quero sonhar de novo...
Quero ser aquele traço bem alto no céu
e não ser aquele que te perdeu....

Hoje mudei... vou ser feliz....
tu já não és, foste....